Monday, March 27, 2006

The Vines - Não vale!!!

Porra!!! Esse cara ta mal , já falei dez vezes que ele não ta bem, mas o que posso fazer se ele quis lançar o disco. A gravadora apertou, a rapaziada se aprumou e o resultado é um “black album” sem graça. Assim também são os arranjos de Vision Valley, terceiro álbum do trio australiano. As músicas, como sempre, não são ruins, porque Craig Nicholls é um cara de talento e com um timbre de voz suave o bastante para construir harmonias vocais pegajosas, melodias psicodélicas das mais bonitas e gritar a la Cobain em outras. Porém, que neste disco as ditas cujas, não foram bem emolduradas e perderam cor, sabor e digamos... textura, isso é fato.
Você pode ouvir Vision Valley e rapidamente se lembrar de passear com o pentelho do seu cachorro, e ele nem precisa sacudir a coleira ou morder teu calcanhar, quando você percebe, pluf! já desintonizou. No entanto, é um disco direto sem embromação. Riffs curtos, bateria simples e cordas nas músicas mais calmas, como na faixa título "Vision Valley" e em "Going Gone". Estas duas, somadas a "Candy Daze" e "Don`t listen to the radio" são das poucas que vale a pena ouvir repetidas vezes.
O disco passa muito rápido, não que seja maravilhoso. É que os "arquétipos sonoros" são curtíssimos, a maioria com duração de dois minutos.
Não estou aqui pra enrolar, e sim pra dizer que este é sim o pior disco do grupo, ou o menos inspirado, se preferirem um eufemismo hipócrita. Nem se compara a Highly Evolved (2002), disco que abriu as portas do mundo para o trio (e o fez ser a primeira banda australiana, em vinte anos, a estampar a capa da Rolling Stone e de ganhar rasgados elogios de revistas como NME, SPIN e muitas outras), sendo apontados como a salvação "rock" dos anos 2000. Um crossover de Beatles e Nirvana.
O que é no mínimo triste, é perceber que baladas ao piano como "Mary Jane", "Autumn Shade" e bombas pop como "Get Free", estão longe de serem vistas neste vale um tanto sem graça. Seria mais sincero, se os desvios fossem de lágrimas, mas não é o que ocorre. Os sentimentos estão presos e não reverberam como antes. A imagem é de retrocesso e a criatividade, esperimentalismo e frescor sonoro ficaram num passado, não muito distante e ainda ao alcance do grupo.
As músicas mais nervosas soam como espasmos ou gritos, dum paranóico e histérico Craig, desesperado por redenção musical. E
star em estúdio gravando, sempre foi o ambiente preferido de C.Nicholls, mas a impressão é de que ele quis se livrar logo de suas obrigações e soltar de uma vez a bolacha.
Depois de um incidente em 2004 no Annandale Hotel em Sydney onde atacou um fotógrafo, Craig foi diagnosticado com Síndrome de Asperger, uma disfunção neurobiológica e um tipo de autismo. Pessoas que apresentam a doença geralmente são extremamente inteligentes e costumam não se sentir confortáveis em ambientes sociais, focando suas atenções para expressões artísticas como a música.
Sua instabilidade comportamental fez com que a banda abortasse a turnê e promoção de "Winning Days" e ocasionasse a saída do baixista, fundador e amigo, dos tempos de fritar hamburgers no McDonalds, Patrick Matthews do grupo. Ao longo de 2005 os remanescentes, Hamish Rosser (bateria), Ryan Griffiths (guitarra) e Craig se reuniram com o produtor Wayne Connolly e gravaram Vision Valley, em sessões que se estenderam em diversos estúdios australianos. A banda voltou a compor e a gravar, se concentraram, pensaram nos arranjos(?), sonharam, matutaram, mas.... fedeu!!! E é esse o cheiro que fica no ar.
Esperem o vento passar...

Sunday, March 26, 2006

Atrás das grades!!!


Cenário musical em efervescência constante, milhares de bandas surgem a cada dia, e pipocam, seja no underground ou nos tão sonhados e pagos espaços da grande mídia. Mas, como anda a qualidade do nosso pop/rock e a relevância dos novos lançamentos em meio ao cenário internacional? Temos sim grandes artistas, originais e com musicalidade acima da média, ta legal! Aceito o argumento, mas temos que mudar um tanto sim!
A começar pelas mentes que regem a carreira de nossas bandas, senhores feudais da música e dos próprios artistas, em seus ideais e noções de um universo musical cada vez mais amplo e propenso à internacionalização de sua arte.
O que seria Lulu Santos rumando a uma carreira internacional, surfando seu popstar lifestyle pelo mundo, ou mesmo bandas como Skank ou O Rappa? Porque só chegamos lá fora de forma desastrosa com Alexandre Pires e seu pop/latino/romântico e Sandy & Junior? Qual será o motivo, que até hoje nossa música e artistas pop e rock não ganharam respeitáveis resenhas em revistas, sites, rádios e programas de TV especializados, e muito menos espaço, nas pilhas de cd`s e nas listas de ipods e podcasts gringos. As novidades produzidas por aqui não ecoam de forma generosa pelas mídias especializadas mundo afora.
Mas por favor não se abalem, e nem carreguem o pente de suas giratórias defensivas, camufladas em revoltas infantis de que não precisamos da aceitação crítica da "gringalhada". Essa representação é sim importante, para o futuro de nossa geração de músicos. Ser reconhecido pelo maior número de pessoas é arrancar nosso espaço no cenário, com a música e valores produzidos atualmente.
Precisamos abocanhar maior parte do mercado internacional e maior quantidade de admiradores para nossos artistas. Ver como reagem à opinião externa, pondo à prova o que é produzido pelos nossos produtores, compositores e mentes musicais brasileiras, sem bitolações e resguardos nacionalistas.


Potencial não nos falta. No entanto, contamos com dificuldades asfixiantes, a começar pela educação. Primordial para qualquer manifestação artística de valor, em nosso País, reside a décadas em situação precária. Engasgamos também, com a língua. O português é mais que orgulho, palavras lindas e de significados maravilhosos, mas que certamente dificultam a absorção de nossa música pelo mundo. Tropeçamos ainda, na falta de incentivo a indústria nacional de equipamentos e instrumentos musicais, e na falta de direcionamento artístico objetivando carreira internacional.
Hão de me lembrar que temos indicações ao Grammy, Maria Rita, Lenine, Seu Jorge, Marcos Valle, resquícios tropicalistas, Os Mutantes, bandas como Angra e Sepultura, a requentada bossa-nova carioca, além de fãs japoneses e um outro punhado de artistas que sacodem e fazem nossos camaradas patrícios mexerem a cadeira. Mas, o que queremos e temos a oferecer é muito maior que isso.

Portanto, que se exploda a suposta arrogância que seria cantar em inglês e aos poucos que no Brasil os dariam atenção, já que não existe nada de pedante em querer cantar em uma outra língua, e sim apenas desejo, natural de um artista e que como se pretende na arte, deve se despir de preconceitos. Aplausos para os que ousam e para aqueles que não têm medo e sim o sonho de por sua música a disposição do maior número possível de ouvintes, aplausos para os que acreditam nas impossibilidades mitificadas como estatutos de verdades fundamentais e para todos que em português ou qualquer outra língua se empenham em fazer música. Digamos adeus a preconceitos do alto clero da bancada major e adeus a pensamentos reducionistas de espaço mundial.
As grades do mundo já se enferrujaram há tempos e a hora de arrebenta-las de vez nunca foi tão "agora". Vamos nos mexer, e ver que agimos como se estivéssemos na idade da pedra em relação à globalização informacional, e que ainda não exercemos papel atuante no cenário mundial e não tiramos o melhor proveito do poder da Internet. Engatinhamos assim, bambos e as pressas nas novas tecnologias e na sua infinda possibilidade de uso para o bem da música brasileira. Devemos, portanto, extinguir a inoperância de rótulos e materializar em profusão sonhos dos mais “loucos”, sempre em busca de uma liberdade, sincera, honesta e bem feita.

Saturday, March 25, 2006

Quem é o próximo?

Chega de falar de hypes! Estou farto, ou melhor, de saco cheio destas milhares de bandas que infestam desenfreadamente as paradas internacionais. Catapultadas por semanários musicais como o britânico NME – New Music Express, dezenas de bandas com potencial sonoro no mínimo duvidoso são posicionadas a cada semana como salvadores do rock, estampando capas de jornais, revistas e sites. Como se o estilo precisasse de algum messias revitalizante, jogam essas batatas inglesas mal assadas no forno direto para nossa indigestão. Por isso me proponho utopicamente a falar destas bandas pela última vez antes de minha regurgitação.
De dois anos pra cá, pude observar a enorme quantidade de desbaratinados musicais sendo lançados ao topo das paradas de hits, singles, clipes e etc. De semanas em semanas, um novo artista “cúl” surgia e estava pronto para emergir e flatular sua essencial bosta propulsora. Irei listar aqui algumas atrações que circundaram indevidamente os arredores dos meus fones de ouvido: British Sea Power, Futureheads, Maximo Park, The Horros, The Rakes, Babyshambles, Ordinary Boys, Dirty Pretty Things além de muitos outros, até desembocarmos 2006 no campeão da bundonice seqüencial, os Arctic Monkeys.

Confesso que no final do ano passado ao ler este nome como a suposta promessa “nirvanica” inglesa, desdenhei exageradamente por questões óbvias; uma banda com um nome aparentemente tão idiota não daria pra ser levada a sério. Ciente de meu sarcástico preconceito, esperei para ouvir e analisar o que os meninos “fraudulentos”, seja lá o que você interpretar, poderiam me apresentar musicalmente. Entristeci-me, de forma estranha, ao perceber que minha esperança de quebrar a cara fora por água abaixo; os Monkeys esbarram em suas macaquices piegas, numa animada emulação de White Stripes feat Franz Ferdinand.

DISCO - Porém, não é de todo ruim o supra campeão de vendas da primeira semana “Whatever People say I am, That`s What I`m not”. O som é divertido e mais pesado, será que posso falar assim, que seus contemporâneos. Uma energia mezzo contida que se engraça a expelir, ante a desistência, devido à percepção da ausência de substancial alma própria. Fato que associo a uma robotização de postura, sonoridade e métricas de muitas bandas inglesas da atualidade.
“I bet you look good on the dancefloor” foi o primeiro single deste aclamado álbum de estréia. Foi lançado ao topo das paradas rapidamente, insuflado pela avassaladora nova mídia publicitária musical, o My Space Music da banda. Faixas como "Fake tales of San Francisco" e "Dancing Shoes", também divertem e são responsáveis por momentos agradáveis. O problema é que depois das primeiras músicas a fórmula vai se desgastando e o CD não se sustenta até o final.
A subjetividade do que é bom ou ruim, se torna cada vez mais visível nos dias de hoje, já que grande sempre o foi, e fico assim a cerca de minha subjetividade negativa a respeito dos pós-adolescentes de Sheffield.

ROCK N`ROLL - Nas décadas de 60 e 70 grandes artistas como os Beatles, Rolling Stones, The Who e Led Zeppelin, se posicionavam em um nível muito superior aos demais de sua geração, isso é óbvio pelo ponto de vista de qualidade. Além disso, quem tinha o apoio da grande mídia se posicionava realmente no topo e os demais artistas se situavam bem abaixo deste limite. Esta situação ainda se configura nos dias de hoje, mas de forma menos díspare, ainda bem. Temos o U2 varrendo o mundo com sua Vertigo tour, os posers velhacos do Motley Crue fazendo peregrinações circenses pela América do Norte e como presenciamos aqui no Rio, os Rolling Stones rolando pedras de ouro mundo afora com sua A Bigger Bang Tour, a mais lucrativa de 2005. Porém, o que há de mal nesta multiplicidade de mídias e veículos, é a banalidade com que medalhas de glória musical são condecoradas à uma nova banda toda semana.
A banalização do bom ocasionada pelos trocentos veículos “independentes”: de conhecimento, aprofundamento, pesquisa, distanciamento crítico e bom senso, faz jorrar a céu aberto a ferida de nosso bestializado cenário musical. Ainda bem que o público ainda tem ouvido, é humano e quando a música não agrada e não soa bem, não há mídia hype que segure a fraude. Caso concreto é o do suposto líder de banda Pete Doherty, do Babyshambles e seu marketing marginal, que hoje em dia, só ecoa pelas ruas de Londres!!! Moleque chato para caralho!!!
Não sei como vou me explicar aos engajados adoradores de tendências Rock n`Roll? Ou melhor, nem sei se devo, já que fui claro em minha heresia musical.

HYPES - Voltando ao assunto hypes, sei que como jornalista e maníaco musical, jamais conseguirei por completo realizar minha estimada tarefa de me afastar desses insetos de zumbido inquietante por muito tempo, mas se tivesse que escolher quais colocaria no shuffle de meu mp3 player, como ponto final de uma encruzilhada, optaria por uma “nostálgica hypeada” em bandas como: The Hives, Strokes, The Jet, The Vines e Kings of Leon. Percebo então que há 5 anos atrás o mercado ainda lançava qualidade, são bandas mais diferentes entre si e apresentam ao menos, maior variação de sonoridades, timbres, cadencias e melodias.
Em um mundo cada vez mais encharcado de informações e possibilidades, gostaria de ver um cenário mais quente e perigoso, distinto e inovador. Não cheio de fôrmas e macaquices de Sheffield como padrão. Mas não é o que ocorre.


A despeito de minha artilharia jocosa e crítica, também tenho meus subalternos desejos hypes e pop`s. Se querem saber, estou a espera de um lançamento que certamente vai ser lançado aos pícaros da glória semanal pós-moderna é a banda Raconteurs, projeto liderado por Jack White, o cantor-compositor-produtor de Detroit Brendan Benson e os Greehornes, Jack Lawrence e Patrick Keeler.
Quem anda profetizando aos quatro ventos desta vez sou eu, pobre defensor de análises esmiuçadas, e eis que me pego constrangedoramente no flagra, anunciando a próxima constelação musical, depois de ter ouvido apenas o primeiro single da banda: “Steady, as She Goes / Store Bought Bones”.
Agora façam o seguinte: baixem este single e decidam por si mesmos se gostam ou não? Mas não se enganem, já que eu....

Cansei de me enganar.... Abraços!