Sunday, March 26, 2006

Atrás das grades!!!


Cenário musical em efervescência constante, milhares de bandas surgem a cada dia, e pipocam, seja no underground ou nos tão sonhados e pagos espaços da grande mídia. Mas, como anda a qualidade do nosso pop/rock e a relevância dos novos lançamentos em meio ao cenário internacional? Temos sim grandes artistas, originais e com musicalidade acima da média, ta legal! Aceito o argumento, mas temos que mudar um tanto sim!
A começar pelas mentes que regem a carreira de nossas bandas, senhores feudais da música e dos próprios artistas, em seus ideais e noções de um universo musical cada vez mais amplo e propenso à internacionalização de sua arte.
O que seria Lulu Santos rumando a uma carreira internacional, surfando seu popstar lifestyle pelo mundo, ou mesmo bandas como Skank ou O Rappa? Porque só chegamos lá fora de forma desastrosa com Alexandre Pires e seu pop/latino/romântico e Sandy & Junior? Qual será o motivo, que até hoje nossa música e artistas pop e rock não ganharam respeitáveis resenhas em revistas, sites, rádios e programas de TV especializados, e muito menos espaço, nas pilhas de cd`s e nas listas de ipods e podcasts gringos. As novidades produzidas por aqui não ecoam de forma generosa pelas mídias especializadas mundo afora.
Mas por favor não se abalem, e nem carreguem o pente de suas giratórias defensivas, camufladas em revoltas infantis de que não precisamos da aceitação crítica da "gringalhada". Essa representação é sim importante, para o futuro de nossa geração de músicos. Ser reconhecido pelo maior número de pessoas é arrancar nosso espaço no cenário, com a música e valores produzidos atualmente.
Precisamos abocanhar maior parte do mercado internacional e maior quantidade de admiradores para nossos artistas. Ver como reagem à opinião externa, pondo à prova o que é produzido pelos nossos produtores, compositores e mentes musicais brasileiras, sem bitolações e resguardos nacionalistas.


Potencial não nos falta. No entanto, contamos com dificuldades asfixiantes, a começar pela educação. Primordial para qualquer manifestação artística de valor, em nosso País, reside a décadas em situação precária. Engasgamos também, com a língua. O português é mais que orgulho, palavras lindas e de significados maravilhosos, mas que certamente dificultam a absorção de nossa música pelo mundo. Tropeçamos ainda, na falta de incentivo a indústria nacional de equipamentos e instrumentos musicais, e na falta de direcionamento artístico objetivando carreira internacional.
Hão de me lembrar que temos indicações ao Grammy, Maria Rita, Lenine, Seu Jorge, Marcos Valle, resquícios tropicalistas, Os Mutantes, bandas como Angra e Sepultura, a requentada bossa-nova carioca, além de fãs japoneses e um outro punhado de artistas que sacodem e fazem nossos camaradas patrícios mexerem a cadeira. Mas, o que queremos e temos a oferecer é muito maior que isso.

Portanto, que se exploda a suposta arrogância que seria cantar em inglês e aos poucos que no Brasil os dariam atenção, já que não existe nada de pedante em querer cantar em uma outra língua, e sim apenas desejo, natural de um artista e que como se pretende na arte, deve se despir de preconceitos. Aplausos para os que ousam e para aqueles que não têm medo e sim o sonho de por sua música a disposição do maior número possível de ouvintes, aplausos para os que acreditam nas impossibilidades mitificadas como estatutos de verdades fundamentais e para todos que em português ou qualquer outra língua se empenham em fazer música. Digamos adeus a preconceitos do alto clero da bancada major e adeus a pensamentos reducionistas de espaço mundial.
As grades do mundo já se enferrujaram há tempos e a hora de arrebenta-las de vez nunca foi tão "agora". Vamos nos mexer, e ver que agimos como se estivéssemos na idade da pedra em relação à globalização informacional, e que ainda não exercemos papel atuante no cenário mundial e não tiramos o melhor proveito do poder da Internet. Engatinhamos assim, bambos e as pressas nas novas tecnologias e na sua infinda possibilidade de uso para o bem da música brasileira. Devemos, portanto, extinguir a inoperância de rótulos e materializar em profusão sonhos dos mais “loucos”, sempre em busca de uma liberdade, sincera, honesta e bem feita.

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