Tenente Reznor
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Trent Reznor e sua megalomania tecnológica voltam a atacar. Preparado para lançar seu sexto e “conceitual” álbum, - como se o Nine Inch Nails e seus trabalhos anteriores não o fossem –, Reznor declarou recentemente a imprensa que “Year Zero” marca o início de um novo processo criativo: cada vez mais livre das amarras da combalida indústria fonográfica, rótulos, formatos e feições comerciais radiofônicas.
O novo projeto aponta uma sonoridade distante daquela experimentada no excelente e subestimado “With Teeth”, lançado em 2005. Se “With Teeth” pretendia soar como uma orgia eletro-garageira, recheada de linhas de baterias e sintetizadores, “Year Zero”, por sua vez, não pretende soar como uma banda.
YEAR ZERO
Mais do que nunca, o novo trabalho ratifica o Nine Inch Nails como um autêntico projeto solo do multi-funcional Trent Reznor. Ele cuida de todo o processo, desde composição, arranjos, design sonoro e produção. Aliás, apenas dois anos de intervalo entre álbuns do Nine Inch Nails provam o quanto ele se aprofunda e explora sua capacidade criativa.
Longe dos danos causados por anos de alcoolismo, dependência química, e obsessões suicidas, que circundavam sua cabeça em momentos de sobriedade, Reznor formulou o conceito e produziu o novo trabalho ao longo da excursão para a promoção de “With Teeth”. A jornada de shows (já dura quase dois anos), que chegou ao Brasil no final de 2005 e arrasou o palco do festival Claro que é rock, foi o ambiente escolhido por Reznor para esta nova empreitada artística. Enclausurado em quartos de hotéis, Reznor compôs e gravou todas as novíssimas 16 faixas sozinho. Explicação para tamanha compulsão: “With Teeth” não havia esgotado nem sanado por completo suas inspirações musicais. Assim, seja!
Em meio a milhões de possibilidades, Reznor foi prontamente impactado pela idéia fixa de retratar e construir musicalmente o colapso e o conflito político-espiritual dos tempos pós-modernos. Em um brado feroz e retumbante contrário a América, Reznor cunha a expressão “Sobrevivencialismo” – “Survivalism” é o primeiro single –, como o marco de uma ideologia inconsciente, imposta à humanidade pelo seu país, os EUA, e suas desgraças psicologicamente orientadas.Debruçado em laptops, softwares e traquitanas musicais das mais variadas, Reznor decidiu que “Year Zero” – nas lojas a partir de 17 de abril –, seria um projeto pertencente a um plano maior, ainda não revelado, mas que poderá ser dividido em uma segunda edição prevista para 2008.
Trata-se de uma esquizofrênica idéia: uma trilha sonora para um filme que ainda não existe. As letras e mensagens fazem prenúncio ao fim do mundo, concretizado em um plano futuro, quinze anos adiante de 2007. O conceito profético, a priori ultrapassado, ganha redobramento de sentidos através da interpretação dramática e meticulosa de Reznor.
Simultaneamente minimalista e denso, “Year Zero” retrata a urgência de uma era povoada pelo curso natural da humanidade, onde a cobiça, a disputa pelo poder, e o descaso com o humano e a natureza, são dispostos sonoramente, numa ode ao caos e a calamidade humanística. A urgência de seu vocal, em confluência com arranjos eletrônicos pesados e arrastados, ganha crédito e validade a cada audição. Reveladoras de uma atmosfera claustrofóbica e apocalíptica, as “canções” não se encaixam em nenhum dos rótulos convencionados à banda, como metal ou industrial.
Sua edificação sonora não é constituída pela clássica tríade formada por baixo, guitarra e bateria, e sim pela potencialização de elementos sonoros distintos. Uma verdadeira colagem musical, que explora a força de batidas eletrônicas, loops e camadas de samples.
O álbum questiona parâmetros, e aponta novas direções e conceitos relativos à música e seus padrões de finitude. “Year Zero” é ficção científica, poética e alarmista conduzida por Reznor, diferente do último álbum, que mostrava um Nine Inch Nails mais acessível, mesclando a sonoridade pop a uma crueza eletrônica acachapante.
O projeto já conta, ao menos, com um bem estruturado planejamento de marketing. Em um ousado reality game, as faixas, “Survivalism”, “Me, I`m Not”, “My Violent Heart” e a belíssima “In this Twilight”, foram alocadas em pequenos pen drives, que vem sendo deixados em cabines de banheiros, nos shows que a banda realiza na Europa até dia dez de abril – dois dias antes do lançamento oficial do álbum. Os fãs esperam que até lá todas as faixas sejam disponibilizadas, enquanto o “tenente Reznor” se prepara para mais uma épica batalha contra os executivos de sua gravadora, que a esta altura, mordem suas testas e tentam afastar as angústias do paredão que se aproxima. É BBB (Big Boss Banish) by Reznor!
Confira: www.myspace.com/nin
CDs e DVDs da semana:
CDs:
Arcade Fire – Neon Bible (2007)
Sondre Lerche – Phantom Punch (2007)
Money Mark – Brand New by Tomorrow (2007)
Bloc Party – A Weekend in the City (2007)
The Good, the Bad and the Queen – TG, TB and TQ (2007)
Charles Mingus – Blues and Roots (1959)
Chales Mingus – Mingus, Mingus, Mingus (1963)
Charlie Parker & Miles Davis – Savoy Sessions (1947-48)
DVD:
Nine Inch Nails – Live: Beside You in Time (2007)
4 Comments:
Muito bom o texto. Bem explicativo.
E me falae mais sobre as "obsessões suicidas" do reznor. Não havia lido nada muito profundo sobre esse assunto.
O seu excesso de "opiniões" estraga o texto. Tem mais opinião sua do que fatos - e os fatos que tem no texto estão inexatos.
Trent tinha problema com álcool e heroína. Tinha depressão crônica.
Ele não é megalomaníaco nem esquizofrênico.
Não foi ele que criou a estratégia viral de lançamento do Year Zero. Foi a 42 entertainment.
NIN já é um grupo estabelecido no panorama mundial há décadas. Não vai ser esse trabalho que irá mudar a carreira deles: eles são um sucesso há 20 anos.
E por aí vai...
Boa tarde a todos!
Anônimo, leia novamente o texto, seus exemplos não confirmam o que você questiona.
Grande abraço!
Vou começar a entender mais um pouco de música...
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