Que passa?
Será que a criatividade da “soul music” norte-americana se esgotou? Por que apenas gangstas infantis e paranóicos insistem em chegar por aqui? Donny Hathaway, Marvin Gaye e Al Green não serviram de exemplo? James Brown e Curtis Mayfield não deixaram discípulos, admiradores ou continuistas de ocasião? Sim, deixaram. Porém seus nomes navegam em mares distantes demais de nossas atrasadíssimas rádios, ou de comandantes, logo adianto, náufragos fonográficos, cada vez mais isolados em seus pequenos botinhos em meio ao oceano.
Mais perdidos que Colombo, que quando chegou à América pensava ter pisado em solo indiano, os todo-poderosos da indústria, para não se afogar, flutuam com ajuda de bóias plásticas, assim como bebês nas primeiras aulinhas de natação. Não sabem pra que lado ir, em um mundo fluido e desterritorializado, tão sem chão e superfície como este. Sentem-se engolidos pela enxurrada oceânica de informação musical. E preferem se ilhar, agarrar o pedacinho de terra e a concha bonitinha mais próxima. Desenham, em papel crepom e lápis coloridos, seus territórios. Demarcam estratégias de ação, na tentativa de controlar o que podem. Claramente reduzidos por suas mentalidades fracassadas, e sentados em seus escritórios na zona sul da cidade, procuram incessantemente o novo Armandinho, Pitty, ou o que explodir mais rápido, em um peido estrondoso na esquina.
Obsessivos, distribuem seus rascunhos confusos, assim como as primeiras cartografias e mapas, exibidores de um mundo torto, errado e sem nexo. Como se não tivessem descoberto que a Terra é redonda, se machucam nas pontiagudas esquinas de suas mentes obtusas e obsoletas. Ultrapassados, acreditam que o digital veio para os salvar, esquecem que existe algo que não é digital e que se faz hábito antes de cultura, que se projeta em cultura antes de ser vivida, e, que faz da experiência elemento fundamental para se tornar vida. Talvez o nome disso seja alma.
O “soul” morreu?
Sim. Morreu. Ninguém mais tem. Não mais sabem o que é, nem do que se trata. Ninguém tem tempo. Ouvi dizer que se transformou, virou caviar, somente para os raros, como diria um alemão. E como bem lembrava os versos de um barbeirinho, nunca vi, nem comi; mas nem ouço falar. De tempos em tempos fomos ensurdecendo, e não ouvimos mais esse tal de soul, neto do blues e do jazz, filho do R&B, e hoje padrasto (?) desgostoso do hip-hop, celebrante da vida pela morte.
Apenas ilustro que os resquícios desta musicalidade podem ser apreciados em nomes como Donnie, Musiq, Cody Chesnutt, The Roots, Jamie Lidell e Robert Randolph & the Family Band. Nenhum deles têm seus últimos Cds lançados por esta tupi-terrinha. Espero, há anos, que D`Angelo, recuperado de suas loucuras, traga de volta sua desenvoltura musical, algo que o Outkast muito se esmerou em produzir, no recém lançado Idlewood. Sua multiplicidade sonora, diretamente influenciada pela “soul music”, deu uma bela sacaneada nos executivos de gravadora e rádios, ambos ansiosos por um novo “Hey Yahhhrg”.
John Legend ao menos foi lançado (às traças), proeza obviamente seguida de uma normativa ditatorial da sede mundial da Sony-BMG. O fato é que, como alguns ladram, mas não explicam, esse tipo de música não vende. Mas o que vende? E por quais motivos ainda tratam isso como condição? Se nada vende, você entende? Se observada à completa nulidade de resposta da população carioca, em relação à curtíssima apresentação de John Legend – na condição de simples canapé –, na festa da virada em Ipanema, pode ser que sim. Um completo joão-ninguém por aqui, Legend é exagero pelo nome, e pelos desbussolados ouvidos brasileiros parece até piada. No entanto, ele é o maior representante daquilo que tenta subsistir como Neo Soul. Algo que seria o pop negro por excelência, provindo de nomes como Prince e Michael Jackson.
O único artista que ainda atinge e oferece aos ouvidos brasileiros densidade espiritual e musicalidade acima da média, responde pelo nome de Ben Harper. Ele, no entanto, não é Soul, e sim, alma. Ainda impactado pelo grande show que assisti, apenas seu nome me vem à cabeça. Ajude-me, caro leitor. O que tens a oferecer? Botem a alma na mesa e as cartas no bolso. Ou apenas liguem o som, e perguntem como eu, What`s Going On?
Mais perdidos que Colombo, que quando chegou à América pensava ter pisado em solo indiano, os todo-poderosos da indústria, para não se afogar, flutuam com ajuda de bóias plásticas, assim como bebês nas primeiras aulinhas de natação. Não sabem pra que lado ir, em um mundo fluido e desterritorializado, tão sem chão e superfície como este. Sentem-se engolidos pela enxurrada oceânica de informação musical. E preferem se ilhar, agarrar o pedacinho de terra e a concha bonitinha mais próxima. Desenham, em papel crepom e lápis coloridos, seus territórios. Demarcam estratégias de ação, na tentativa de controlar o que podem. Claramente reduzidos por suas mentalidades fracassadas, e sentados em seus escritórios na zona sul da cidade, procuram incessantemente o novo Armandinho, Pitty, ou o que explodir mais rápido, em um peido estrondoso na esquina.
Obsessivos, distribuem seus rascunhos confusos, assim como as primeiras cartografias e mapas, exibidores de um mundo torto, errado e sem nexo. Como se não tivessem descoberto que a Terra é redonda, se machucam nas pontiagudas esquinas de suas mentes obtusas e obsoletas. Ultrapassados, acreditam que o digital veio para os salvar, esquecem que existe algo que não é digital e que se faz hábito antes de cultura, que se projeta em cultura antes de ser vivida, e, que faz da experiência elemento fundamental para se tornar vida. Talvez o nome disso seja alma.
O “soul” morreu?
Sim. Morreu. Ninguém mais tem. Não mais sabem o que é, nem do que se trata. Ninguém tem tempo. Ouvi dizer que se transformou, virou caviar, somente para os raros, como diria um alemão. E como bem lembrava os versos de um barbeirinho, nunca vi, nem comi; mas nem ouço falar. De tempos em tempos fomos ensurdecendo, e não ouvimos mais esse tal de soul, neto do blues e do jazz, filho do R&B, e hoje padrasto (?) desgostoso do hip-hop, celebrante da vida pela morte.
Apenas ilustro que os resquícios desta musicalidade podem ser apreciados em nomes como Donnie, Musiq, Cody Chesnutt, The Roots, Jamie Lidell e Robert Randolph & the Family Band. Nenhum deles têm seus últimos Cds lançados por esta tupi-terrinha. Espero, há anos, que D`Angelo, recuperado de suas loucuras, traga de volta sua desenvoltura musical, algo que o Outkast muito se esmerou em produzir, no recém lançado Idlewood. Sua multiplicidade sonora, diretamente influenciada pela “soul music”, deu uma bela sacaneada nos executivos de gravadora e rádios, ambos ansiosos por um novo “Hey Yahhhrg”.
John Legend ao menos foi lançado (às traças), proeza obviamente seguida de uma normativa ditatorial da sede mundial da Sony-BMG. O fato é que, como alguns ladram, mas não explicam, esse tipo de música não vende. Mas o que vende? E por quais motivos ainda tratam isso como condição? Se nada vende, você entende? Se observada à completa nulidade de resposta da população carioca, em relação à curtíssima apresentação de John Legend – na condição de simples canapé –, na festa da virada em Ipanema, pode ser que sim. Um completo joão-ninguém por aqui, Legend é exagero pelo nome, e pelos desbussolados ouvidos brasileiros parece até piada. No entanto, ele é o maior representante daquilo que tenta subsistir como Neo Soul. Algo que seria o pop negro por excelência, provindo de nomes como Prince e Michael Jackson.
O único artista que ainda atinge e oferece aos ouvidos brasileiros densidade espiritual e musicalidade acima da média, responde pelo nome de Ben Harper. Ele, no entanto, não é Soul, e sim, alma. Ainda impactado pelo grande show que assisti, apenas seu nome me vem à cabeça. Ajude-me, caro leitor. O que tens a oferecer? Botem a alma na mesa e as cartas no bolso. Ou apenas liguem o som, e perguntem como eu, What`s Going On?
0 Comments:
Post a Comment
<< Home