Dum Dum
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Para a gravação de “Dum Dum”, seu segundo trabalho autoral (o primeiro foi Farofablues de 1993) o músico se apoiou no chamado interplay: “Sempre valorizei a capacidade de comunicação entres os músicos”. Assim, apostando na espontaneidade dos músicos que formam seu quarteto – Daniel Garcia (saxes e flauta), Marcos Tommaso (piano) e Pedro Strasser (bateria) – o disco capta a essência de uma apresentação ao vivo, com a gravação dos quatro instrumentos simultaneamente.
Como Charles Mingus, – maior ícone do contra-baixo jazzístico – Dôdo tem ligação estreita com a psicanálise, e faz de “Dum Dum” um “álbum-exercício” de auto-análise e homenagens pessoais. Passagens marcantes de sua vida são retratadas e dedicadas em forma de canção, a pessoas como seu pai – em “Cradle Song” – e à psicanálise de Lacan – “José no tempo lógico”. A belíssima e tristonha “O incrível Hulk” também rende homenagens, e, segundo ele, “foi composta sob uma atmosfera de perplexidade e dor”, após tomar conhecimento da morte do amigo e contra-baixista Maurício “Hulk” de Almeida.
Horas no mais puro jazz, outras transitando em blues atípicos, o contra-baixo de Dôdo constantemente reverencia a música brasileira e seus grandes compositores. Assim, o músico desenlaça texturas musicais brilhantes, em um álbum que revela a cada faixa seu rico universo particular. “Dum Dum” – forma como se refere ao som do contra-baixo – é simples e belo, como o nome. Um disco profundamente delicado e lúdico, guiado por fortes sentimentos, transcritos através de terapêuticas notas musicais.