Sunday, September 10, 2006

The Roots - Game Theory

Soul, Rock e Jazz misturados por uma banda de Rap, que toca simples, e isso até agora já diz muito! Numa carreira repleta de discaços, iniciada nos idos de 1987 na Filadélfia, MC Black Thought e o batera ?uestlove, amigos dos tempos de High School, ainda hoje comandam e assinam produções musicais alucinadíssimas.
Após sofrerem diversas mudanças no “elenco” e baixas no front de batalha, estes elocubradores do gueto continuam encenando através de música o mundo “dedo na cara” dos “blocks” norte americanos. Com participações de J*Davey e Malik B. além do falecido produtor J Dilla que é homenageado na última faixa do álbum, a qual produziu, o grupo chega ao seu 7° álbum de carreira.
Em Game Theory, lançado pela Def Jam, (por aqui aguarda distribuição), a banda se mostra ainda mais afiada, e a confluência de idiomas musicais reverbera livremente pelas nuances de cada faixa. Raps embebidos de idéias e noções do universo que os cerca e envoltos em arranjos fragmentados e desconexos, soam no final como uma obra única.
Cada elemento inserido esta no tempo certo. Sem atropelos afoitos, cada um tem seu espaço de destaque, sejam estes samplers, guitarras, scratches, vocais, beats e etc. Todos se enlaçam, trocam impressões e nos tocam, em ritmos guiados por um, digamos: PUTA batera!













The Roots representa o que o Rap poderia ser para o mundo e não foi. A vertente mais musical desse estilo que por causas derrotistas acabou por desembocar na “MTV Rap Corporation”, que aniquila a força e musicalidade que o estilo possibilita.

No entanto, o que ouvimos ecoar nas cercanias deste gueto é justamente o oposto. A relevância e a diversidade musical que o álbum estampa na cara de quem o ouve é pungente. Partindo de álbuns anteriores como Phrenology(2002) e The Tipping Point(2004), Game Theory cumpre perfeitamente seu papel, o fato de cada álbum da banda ser um passo oposto ao álbum anterior. Game Theory despista e surpreende, desde a faixa título “Game Theory”, à maliciosa “In The Music” e passando pelo single “Don`t Feel Right”, todas fazem deste álbum um dos maiores exemplos da sofisticação que a banda experimenta e alcança, uma poderosa ode ao mundo do Rap.

Neste disco, Black Thought envereda por um caminho ainda mais pessoal, iniciado em Phrenology, e que hoje se exemplifica no modo ainda mais passional com que faz rap. Menos focado em rimas e habilidade vocabular e mais orientado em processos de pensamento, preocupações e assuntos que os afetam, Game Theory se revela pesado, um álbum ao mesmo tempo tenso e belo.

The Roots corre por outras vielas, se esquiva de balas que traçam o estilo e palanques que pregam estereótipos: os Gangstas, Pimps e os Midas são por eles alinhavados à margem. Black Thought se apóia em uma palavra, composta por duas letras, cuja importância foi deixada de lado no mundo do Rap, o MC.

De 1987 para cá, padrões foram mudados, estéticas re-inventadas e a arte negra do Rap, pouco a pouco, vem sendo infelizmente alijada. Numa era em que o virtual se apodera de almas e em que artistas são abduzidos por milhões de vitrines midiáticas, continuar existindo como uma BANDA de Rap é sim o que faz destes negões: Os Caras.
Bom saber, neste pedaço de gueto o som continua real.

Confira:
www.myspace.com/theroots

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